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de Marcelo Pestana e Carlos Cirne
mar.ca2@uol.com.br
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Neste filme laureado com o Louis Delluc de 1970 (prêmio dado pelos críticos franceses), ela é Hélene, a amante de um engenheiro,Pierre (Michel Piccoli), separado da esposa, Catherine (Léa Massari), com quem tem um filho de 18 anos,Bertrand (Gérard Lartigau). Um desastre com o carro que conduzia faz o protagonista ficar gravemente ferido. Enquanto é socorrido na estrada e também no hospital, momentos significativos recentes da sua existência passam pela sua mente.
Mesmo assim, As Coisas da Vida continua sendo uma realização envolvente em sua calidez e poesia, no partido que tira da iminência da morte. Tendo por base um romance de Paul Guimard, que diz ter se inspirado em uma experiência pessoal, o roteirista e diretor Claude Sautet (1924-2000) fez de seu 4º longa metragem, uma criação tocante sobre a felicidade. Como Yasugiru Ozu, ele mostrou uma invejável capacidade para registrar ou encenar a força do amor e do afeto, tanto nas situações de Pierre com Hélene como naqueles em que aparecem os seus familiares. Sem a conduta naturalmente formal dos personagens do cineasta japonês, Sautet demonstra que aqui que a rotina tem seu encanto (título da derradeira realização de Ozu), sobretudo nos momentos mais expansivos da alegria e do amor. E apesar dos flashbacks surgirem na iminência da morte do engenheiro, a realização é ensolarada.
de Marcelo Pestana e Carlos Cirne
mar.ca2@uol.com.br
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As Coisas da Vida
A iminência da morte possibilitou um notável filme lírico com a beleza e o carisma de Romy Schneider
C&N
Neste ano, é a segunda vez que um lançamento em DVD me possibilita ver Romy Schneider como a personificação da plenitude amorosa. A primeira foi em março, quando do lançamento do belo e trágico O Velho Fuzil. A segunda dá-se agora com As Coisas da Vida (Le Choses de La Vie), que estreou em 1970, ou seja, cinco anos antes da citada realização em que a atriz interpretava uma vitima do nazismo na França.Neste filme laureado com o Louis Delluc de 1970 (prêmio dado pelos críticos franceses), ela é Hélene, a amante de um engenheiro,Pierre (Michel Piccoli), separado da esposa, Catherine (Léa Massari), com quem tem um filho de 18 anos,Bertrand (Gérard Lartigau). Um desastre com o carro que conduzia faz o protagonista ficar gravemente ferido. Enquanto é socorrido na estrada e também no hospital, momentos significativos recentes da sua existência passam pela sua mente.
Por ocasião de sua estreia nos cinemas, o filme causou impacto pela sua narrativa, moderna, especialmente no uso fatiado das recordações de Pierre. Hoje esse recurso foi banalizado, só fazendo-se presente de modo adequado em raras ocasiões, mas usado fartamente sem eficiência e para mascarar insegurança.
Mesmo assim, As Coisas da Vida continua sendo uma realização envolvente em sua calidez e poesia, no partido que tira da iminência da morte. Tendo por base um romance de Paul Guimard, que diz ter se inspirado em uma experiência pessoal, o roteirista e diretor Claude Sautet (1924-2000) fez de seu 4º longa metragem, uma criação tocante sobre a felicidade. Como Yasugiru Ozu, ele mostrou uma invejável capacidade para registrar ou encenar a força do amor e do afeto, tanto nas situações de Pierre com Hélene como naqueles em que aparecem os seus familiares. Sem a conduta naturalmente formal dos personagens do cineasta japonês, Sautet demonstra que aqui que a rotina tem seu encanto (título da derradeira realização de Ozu), sobretudo nos momentos mais expansivos da alegria e do amor. E apesar dos flashbacks surgirem na iminência da morte do engenheiro, a realização é ensolarada.
Sereno e habilidoso, Sautet fez essa celebração da felicidade apoiando-se em uma linguagem moderna, mas nada exibida, que tira proveito da iluminação suave de Jean Boffety, da música de Philippe Sarde e do ótimo elenco. Até personagens secundários, ocasionais (o motorista do caminhão, o policial) que podem significar a continuidade ou o término da vida de Pierre, ganham relevância graças ao diretor.
Porém, quem se sobressai é Romy Schneider. Com gestual delicado e uma introversão forte e sedutora, ela é a imagem da total plenitude amorosa, do encontro da alma gêmea. A bela atriz austríaca sempre foi marcante para transmitir sensualidade e entrega a existência. Esta, infelizmente, lhe foi ingrata nos últimos tempos. Em 1975, a primeira adversidade: o suicídio do ex-marido, o diretor de teatro Harry Meyen, pai do filho de ambos, David. Em cinco de julho de 1981, o maior dos abalos: a morte acidental desse adolescente, empalado na grade da propriedade da família. Romy nunca mais foi a mesma e em 29 de maio de 1982 morreu aos 43 anos, vitima de um ataque cardíaco que pode ter sido causado por uso equivocado ou deliberado de remédios. Fica a saudade dessa grande intérprete, felizmente presente em diversos filmes de notável qualidade. Como este. Ela realmente faz a diferença, valoriza ao máximo a forte carga emotiva transmitida por As Coisas da Vida.
Alfredo Sternheim é cineasta, jornalista e escritor
As Coisas da Vida (Les Choses de La Vie – França/Itália - 1970 - 81’) Direção: Claude Sautet Com: Michel Piccoli, Romy Schneider, Lea Massari, Gérard Lartigau, Jean Boise, Bobby Lapoint, Hervé Sand, Dominique Zardi, Marcele Arnold, entre outros.
DVD Menu interativo - Seleção de cenas Tela: Widescreen (1.66.1) Áudio: (2.0) Idioma: francês Legenda: português
Distribuição: Versátil Home Vídeo
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