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Régine. Régine's. Uma aventura no Brasil. As noites de São Paulo. Uma lenda da noite mundial. Régine's.

Régine Biografia Brasil 2016-2017 Renato Fernandes e Ovadia Saadia
 <Glamurama- Revista JP> 

























Régine- Àguia da Noite.

Sinônimo de festa, glamour e ousadia, Régine Choukron imperou nas décadas de 1970 e 1980 com seus clubes noturnos Réginé´s ao redor do mundo . Animou muito as noites do Rio , Salvador e São Paulo, multiplicando romances e negócios também. Sua vida pessoal daria um bom filme, triste.
Em fevereiro de 1974, a majestade das noites de Paris,  Régine Choukron, aterrisa no Copacabana Palace para passar o carnaval no Rio. Muitos bailes, muito samba e avenida também, na época ainda na Rio Branco e não na Sapucaí. Sua passagem pela cidade- não era a primeira vez- lhe rendeu , poses para fotógrafos na Pérgula, muito bafafá e o que poucos imaginavam: ela já estava de olhos vidrados no mercado brasileiro. 
O poderoso editor Adolpho Bloch, viria a ser seu principal padrinho  por aqui. Era ele quem comandava  de revistas como ‘ Fatos& Fotos’, ‘ Amiga’ e a protagonista de todas ‘ Manchete’, Na edição desta de  março do mesmo ano, Régine ganhava 4 páginas da mesma e ganharia muitas outras, num futuro breve.
 Em Paris comandava- com rédeas bem curtas- três casas : os restaurantes  New Jimmy´s e o  Reginskaia e o badalado e exclusivo clube ‘Régine´s no qual era possível encontrar numa mesma boa parte do Jet Set:‘ Onassis só bebe coca-cola e adora olhar os pés das pessoas, Marlon Brando é sofisticado, fingido. Brigite Bardot não quer que o público a veja envelhecer. Sophia Loren está sempre representando um papel e faz isso muito bem’.  Dizia ela na entrevista à Manchete. Por de trás do glamour ela nunca escondeu: ralava como poucas e sempre odiou o período das 8 horas da manhã ás 13 horas. Não se achava boemia e sim notívaga. Gostava de trabalhar na noite e nunca gostou de viajar de ferias  e sim por amor ao trabalho, por ter uma alma angustiada.
 Em  sua biografia ‘ Régine, Me Chame pelo meu Nome’ :‘ Criar um clube é como criar um verdadeiro bebê, que é preciso conceber, por no mundo , alimentar , vigiar e manter em boa temperatura. Há os que nascem gordos e rosados,  outros que é necessário  por em incubadeira, por que o clima e  o ambiente lhe deixam frágeis, outros parecem normais , mas cuja babá, no local, nem sempre está à altura’ revelava ela.
 Uma coisa é certa, em 1976 ela seus  primeiros  bebês internacionais‘ Régine´s’  foram no Brasil, o do Rio e de Salvador, ambos tendo a rede hoteleira Meridien, como sócios.
Nos contratos, no qual ela entrava com o nome , know how, decoração e marketing constava até quantas noites por ano ela deveria estar presente nas casas. Seus sócios entravam com o capital.  Entendia da noite como poucas, sabendo utilizar muito bem os serviços de um garçom. Inventou o cinzeiro no centro da mesa, com água por baixo, para que os eles pudessem trabalhar mais, não tendo que trocar cinzeiros a cada instante. Patenteou a idéia, e se deu bem. Tinha entre seus amigos, astros e estrelas. Começou na noite, cantando.
Uma noitada em que as pessoas recebessem o convite com sua assinatura- um por um- com ‘ Até Breve’, era uma festança garantida e sempre foi assim que ela gostava de se despedir.

Do Limão à Caipirinha.
 Antes de brilhar na vida profissional Régine ralou e sofreu, demais. Nascida em Bruxelas, filha de judeus poloneses, refugiada de guerra, ela  conheceu pouco a mãe, que  a deixou e foi morar na Argentina. Seu pai Joseph , narigudo , grandalhão e galanteador, foi quem ficou com os filhos, Règine e Maurice, porém um vício não lhe deixava, muitas vezes, cuidar dos mesmos: o carteado. Cassinos era com ele mesmo, mulheres também. Régine passou a infância em pensionatos , se tornando uma pessoa forte, com a dor de quem conheceu a guerra. Sempre amou o irmão e cuidava das frieiras enormes dos pés dele quando refugiados, de tão grandes ele já não conseguia mais andar. Conseguiu com sua garra os sapatos para o menino. Teve que raspar a cabeça mais de uma vez. A causa: piolhos.
De uma coisa não abria mão, seus sonhos.  Sonhava em ser princesa ou estrela. Conseguiu ambos. Da noite foi majestade e no palco também reinou cantando, vendeu milhões de discos e ganhou o ‘Grand Prix du Disque’. Sua obstinação foi o mais importante para tudo. Medo de trabalho? Nenhum. Perfecsionista ao extremo e com fama de exigente, pegava pesado no batente, em torno de 16 a 18 horas por dia para não passar as agruras do passado novamente: ‘  Faço parte da raça das pessoas fortes, porque me fabriquei assim. Sofri muito quando criança, sofri com a guerra e decedi ser forte’ dizia ela na mesma entrevista e conluia incisiva: ‘ Paguei adiantado o meu preço de tristezas e não quero que se fale desse lado da minha vida’.
Aos  13 anos, perdeu a virgindade, sempre aparentou ser mais velha que era, e fazia questão disso. Em seu penteado levantava o cabelo alguns centímetros para isso. Sempre gostou de roupas elegantes, mesmo quando só podia tê-las na imaginação.
Aos dezesseis anos fez um pacto, com a felicidade e a liberdade. Maridos dois, filho apenas um , Lionel. Do segundo marido, ganhou o sobrenome com o qual ficou famosa: Choukron. Muitos a conhecem pelo sobrenome do pai:  Régine Zylberberg.
Dinheiro e poder, gostava sim, fama mais ainda. ‘ O dinheiro para mim representa facilidades. Mas o dinheiro  não me leva a fazer algo que não goste’ declarou ela a Manchete, mas sempre soube – como o pai- quem tinha ou não para lhe facilitar a vida.
‘ Rio, Panteras e Fofocas’ 
No Rio, em 1976  sua casa já era das mais badaladas. Situada no subsolo do Hotel Meridien, no Leme teve em diferentes momentos Danuza Leão, Kátia Vitta e  Claude Amaral Peixoto trabalhando para ela. Suas noites eram disputadas, que lembre uma das mais poderosas panteras de então: a manequim Jane Bezzera, na época capa de muitas revistas e sinônimo de elegância e glamour: ‘ Comigo ela sempre foi extremamente simpática, sempre chegava acompanhada de muitos amigos, mas ela era uma mulher de negócios e suas festas de carnaval no Rio ou em Salvador era um escândalo. Fui em muitas-
(foto-)’. Uma coisa que Régine nunca soube é que depois das noitadas carioca, Jane e seus amigos do humoristico ‘ Planeta dos Homens’ iam terminar a noite no inferninho ‘ Barbarella’ .
A loira de então Monique Lafond era outra que gostava do Régine´s. Em 1981, bombando na capa da Playboy e na novela ‘ Coração Alado’ , escrita por Janete Clair, era para lá que ela ia se divertir:’ Era tudo muito divertido, todos iam. Artistas , alta sociedade e jet setters. Me lembro que certa noite o Chiquinho Scarpa me pediu uma carona. Ao entrar no meu carro perguntou se era um fusca, disse que sim. Ela gargalhava solto e berrava alto pela Atlântica. ‘ Não acredito Monique Lafond tem um fusca e eu estou andando de fusca pela primeira vez’, lembra ela para ‘ JP’.
Rose Di Primo  a maior musa de então recorda: ‘ O Réginé´s era tudo de bom, tinha noites que iamos no Régine´s e no Hippopotamus’. Foi no Régine’s  que ela viveu seu romance com Pedro Aguinaga, de repente, o casal mais lindo do Brasil.
E se Marlene Silva saiu nas revistas ao lado de Alain Delon, Fernanda Bruni conseguiu mais: Delon enviou um carro para saírem. Beijou? Não. A cantora Rosemary também o conheceu, mas também nada tiveram. O fato é que o encanto do ator, parece ser restrito ao cinema. Um leve zumzumzum de que ele seria chato é o que rola em boca pequena.
Antonio Guerreiro ia, com a então sua mulher Ionita Salles Pinto. ‘ A Ionita gostava mais do que eu de lá. Preferia o Hippopotamus’. Tanto é que ao lançar seu livro de Sonia Braga, foi no Hippopotamus que ele preferiu.
As panteras do Ibrahim gostavam do Régine´s, que digam Noelzas, Odiles e Kikis bonitas.
Uma coisa, Régine nunca engoliu, o prato preferido de alguns do high , a fofoca, o mexerico, e quem vive entre eles sabe  o tamanho de seu ócio e maldade também:
’Os cariocas, assim como os paulistas e baianos, gostam muito de mexericos, e as comadrices correm a todo vapor: é a fofoca ( mistura de pomada e de pestecida, sendo que , nesse coquetel, a pomada entra em quantidade bem reduzida). A fofoca correu solta quando instalei como diretora do meu clubem no Rio, uma francesa magnífica...e negra!  Ser recebida por uma pessoa negra era muito careta  para certas cariocas. Mas ver essa pessoa recusar uma mesa ou mesmo a entrada, surpreendeu muitíssimo. Régine fala de Lauretta, que foi um dos ícones da casa e hoje mora em Paraty.  Durante alguns anos Régine manteve um apartamento na Av Atlântica.
Guerra de Champagne
Em janeiro de 1981   a  revista Playboy com  Denise Dummont na capa  com a seguinte chamada: ‘ Ricardo Amaral X Régine, o Duelo dos Reis da Noite’. A guerra borbulhante estava declarada. Em sua biografia   ‘ Vaudeville- Memórias’ Ricardo Amaral   cita a concorrente mais de 15 vezes, algumas delas chamando-a de Tia Régine e existe  ainda uma reportagem na qual ele teria comparado a rede de clubes noturnos dela  com a de Mac Donalds. Uma coisa é fato Régine chegou a ter 18  Régine´s ao redor do mundo, inclusive em Nova York.  E se Ricardo sempre foi o rei, ela era a rainha. A guerra entre os dois era fato, saindo do território brasileiro, pois Amaral já conquistava Paris, em ritmo de batucada  com o Le 78 na Avenue des Champs- Elysées, levando inclusive Wilma Dias para dançar lá. No Brasil, Régine já se preparava para abrir sua terceira casa, em São Paulo. A do Rio e de Salvado ja era absoluto sucesso.
 O Hippopotamus até hoje é lembrado com mais carinho   pelos habittués das noites de então. E é fato, como relata a reportagem assinada por Geraldo Mayrink: ‘ Os nomes mais ilustres de cada cidades são assíduos: Os Matarazzo,os Scarpa, os Lacerda Soares, os Monteiro de Carvalho,os Gouthier, os Mendes Caldeira a TV Globo inteira e os jornalista Justino Martins freqüentavam um ou outro lugar’ e ainda brincava: ‘ Só Jorginho Guinle que é o único que consegue estar em ambos ao mesmo tempo’
Carmem Mayrink Veiga parava o transito quando chegava a uma ou outra casa, uma das verdadeiras locomotivas.
Régine`s- São Paulo
 Em março de 1981 foi inaugurado- enfim- o Régine´s paulista e seu sócio agora era o empresário boa pinta e charmosão Naji Najas. O investimento chegou a ser de US$ 3 milhões. Na festança de abertura da casa, um batalhão de famosos internacionais: Alain Delon, Mirelle D’arc, Ugo Tognazzi e Omar Sharif, amigo pessoal de Régine e Nahas. A boate então situada na Av. Faria Lima, desde o início teve uma série de problemas, inclusive de zoneamento. Foi lá que a primeira-dama de então Dona Dulce Figueiredo rodopiou nas pistas nos braços de Omar Sharif, as fotos pipocaram por toda a imprensa.  Muita gente ia ao Régine´s, mas ele nao vingou na noite paulistana como na carioca. ’ Não me lembro nunca de ter ido ao Régine´s e estar cheio. Lembro-me bem do tom de vermelho, mas o Gallery na mesma época era imbatível’ diz a adovgada Maria Virginia Frizzo  trepidante da décadas de 80 e 90. Não raro ia com a amiga de então Maria Leopoldina Splendore, filha de Maria Stella, diva Krishna. Maria Leopoldina ia vestida sempre de Denner e pedia leite para tomar. Já o RP Comercial da casa, Ovadia Saadia lembra bem, pois trabalhou do começo ao fim: dia 14 de agosto de 1986: ‘ Ela era uma dama de aço, com uma força espiritual forte, na noite de inauguração fui tirar uma foto dela dançando com Ugo Tognazzi, quando fui clikar, ela parou olhou firme em direção da lente e câmera quebrou.’ E se alguns diziam que o Réginés paulista era cafona, Ovadia protege: ‘ Ele estava era a frente de seu tempo, não aceito isso, porque ele era glamouroso’
Em São Paulo Julio Iglesias cantou como Amelita Baltar também. Guncho Maciel era o promoter, e tiveram noites marcantes. Certa vez Chiquinho Scarpa chegou montado num tigre.
O fato de a casa ter vários ambientes era outra razão: ‘ Você sai a noite para ver e ser visto, isso impedia. Alguns colunistas massacravam a casa e o Gallery reinava. O Réginés terminou numa melancolica noite de 1986,’ diz  Saadia. A promoter Vera Muller, foi uma das responsáveis de seus últimos suspiros da casa paulistana. A do Rio fechou em 1983 e teve uma reabetura de 1984 a 1987, quem freqüentou lembra com mais saudade a primeira fase.
‘Régine tem mil vidas em uma. Sempre foi metida, insuportável e...fascinante’. Define Ovadia.’ Quanto ao segredo de seu sucesso Régine não esconde em sua biografia: ‘ O meu segredo sou eu, a minha infância, os meus desejos, os meu sonhos, e os meus pesadelos. A noite é minha pátria. ’
Depois de sua passagem pelo Brasil, Régine presenciou a perda de sua coroa de majestade na noite, o falecimento de seu filho Lionel, e a separação do segundo marido Roger Choukron também. Viveu noites sem  glamour mas hoje voltou a ser respeitada como cantora na França.
Os fofoqueiros de plantão –sempre eles- dizem que ela sonha em fazer um grande show no Rio e outro em São Paulo, e se assim o for, fica aqui o desejo: “ Ate Breve Régine’



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  1. Segunda parte, matéria da Revista Joyce Pascowitch assinada pelo expert Renato Fernandes.

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