Abraham
Goldstein*
Vinte e sete de janeiro foi o Dia
Internacional de Recordação das Vítimas do Holocausto. A data, instituída em
2005 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), marca a
lembrança do extermínio de milhões de vítimas pelas mãos do regime nazista. Na
mesma data, no ano de 1945, o exército soviético abria as portas do campo de
Auschwitz-Birkenau, na Polônia, e findava o período de terror imposto ali pelo
III Reich de Adolf Hitler.
Mais do que homenagear as vítimas
dessa terrível passagem da história da humanidade, a data existe para lembrar o
Holocausto, quando seis milhões de judeus, além de ciganos, homossexuais,
religiosos e militantes políticos foram brutalmente assassinados nos campos
nazistas de extermínio da Europa. E a data também existe para impedir que essa
barbárie seja negada.
A data é recordada em mais de 100
países. No Brasil, o dia é marcado por diversas solenidades, acendimento de
velas e relatos de sobreviventes do Holocausto que escolheram o Brasil como seu
novo lar. Depoimentos fortes, que trazem para a sociedade a dor e o sofrimento
de uma época que jamais poderá ser esquecida.
A desatenção e a falta de memória da
sociedade criam um ambiente favorável para ascensão de novas organizações
extremistas e xenófobas, bem como o surgimento de líderes de grupos portadores
de ideologias racistas e totalitárias, que justificam a segregação racial,
religiosa, nacional ou qualquer outro tipo de negação do Outro para conduzir uma
nação. Para que esse alerta se torne permanente é fundamental a construção de
uma inabalável cultura de paz.
Com esse duplo objetivo – registrar
para jamais esquecer e educar para a paz, nasceu em São Paulo uma iniciativa
conjunta entre a B’nai B’rith - Filhos da Aliança, em hebraico, principal
entidade judaica dedicada aos Direitos Humanos -, e o Arqshoah - Arquivo Virtual
sobre Holocausto- do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e
Discriminação do Departamento de História da Universidade de São Paulo
(LEER/USP): o Instituto Shoah de Direitos Humanos (ISDH).
Localizado no bairro dos Jardins, zona
Sul da capital, o ISDH abre suas portas com um acervo de 12 mil documentos entre
papéis diplomáticos e fotografias, além de vídeos com testemunhos de
sobreviventes do Holocausto e outros materiais audiovisuais. O instituto também
manterá uma sistemática ação educativa. Estão previstas a realização de oficinas
de literatura, teatro e música que,
somadas às Jornadas Interdisciplinares em parceria com a Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo, têm como objetivo ensinar nossos jovens a não esquecer.
Com estratégias multidisciplinares, o ISDH tem o Holocausto como referência para
reavaliar as práticas da violência e da intolerância nos dias atuais, em busca
de soluções para a construção da cultura de paz e de um mundo
melhor.
A preservação da memória histórica é
interpretada como um sinal de alerta para a sociedade contra os extremismos e o
negacionismo, ainda tão presente no mundo contemporâneo. O conhecimento e a
educação são os pilares para se evitar a repetição de atrocidades vivenciadas no
passado, como o Holocausto. São fundamentais para se alcançar a tão sonhada
convivência pacífica entre diferentes pessoas e diferentes povos e o verdadeiro
respeito aos Direitos Humanos.
* Abraham Goldstein é presidente da
B’nai B’rith no Brasil
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